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segunda-feira, 22 de março de 2010

Namorado é a mais difícil das conquistas.



Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, de saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia.


Paquera, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil, mas namorado mesmo é muito difícil.


Namorado que quando se chega ao lado dele, a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa ser forte, decidida ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de carinho


Quem não tem namorado não é quem não tem um amor: é quem não sabe o gosto de namorar,


Não tem um namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema sessão das duas, medo do pai, sanduíche dividido ou drible no trabalho.


Não tem namorado, quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa, e quem ama sem alegria.


Não tem namorado, quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pacto com a felicidade ainda que rápida, escondida, fugida ou impossível de durar.


Não tem namorado, que não sabe o valor de mãos dadas, de carinho escondido na hora em que passa o filme; de flor catada no muro e entregue de repente; de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar, de ânsia enorme de viagens juntos para a Escócia, metrô, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário.


Não tem namorado, quem não gosta de dormir agarrado, ou passear de mãos dadas pela beira da praia.


Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério de dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez ou loucura do amor.


Não tem namorado, quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não troca bilhetinhos, ou quem não se chateia com o fato de seu bem ser paquerado.


Não tem namorado quem ama sem gostar, quem gosta sem curtir, quem curte sem aprofundar.


Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou no meio do dia de sol em plena praia cheia de rivais.


Não tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem brincar, quem vive cheio de obrigações.


Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho em paz.


Não tem namorado quem não fala sozinho e não ri de si mesmo.


Então, enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperanças. De alma escovada e de coração perfumado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim.


Acorde com o gosto de morango e sorria lírios para quem passar em baixo de sua janela.


Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fadas.


Ande como se o chão estivesse repleto de sons, de flores e do céu descesse uma pérola falante dizendo frases sutis e palavras de românticas.


Quem não tem namorado, é porque não enlouqueceu o necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que tem sentido, mesmo que a gente vire adolescente e nem tenha medo de parecer ridículo... deliciosamente ridículo....


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